O rapazito Francisci Gomes de Amorim, que, aos dez anos de idade, partiu, em agosto de 1837, da barra do Douro para o Pará, e ali foi Vendido no mercado de escravos brancos, constitui um caso singular das literaturas de Portugal e do Brasil.
Aprendiz de selvagem, para além das achegas biograpficas e bibliograficas (muitos ineditos), pretende ser um olhar pelos variados olhares que o Amazonas imprimiu no poveiro çauçúpára caryba goataçara cuapára (querido branco portugês caminhante sabeador), como gostantemente lhe chamavam as tapuias. Imos e maguados olhares, esses. Anda nu e rasga o corponas profundezas inóspitas do Amazonas; golpeia seringueiras e larga a pele como os lagartos; luta com jacarés e fita a morte nos olhos d ma onça;deita discurso a jurnas e é aplaudido com murros e bofetadas; fala com Oiára e penetra nos templos dos paj+es; faz a primeira poesia a um cão; é remador de ubás, caçador, carregador, carpinteiro e carcereiro; naufraga vezes sem contonas cachoeiras do Xingu e no mar do Pará; chora pelos olhossem lagrimasdas mães negras a quem arrancavam os filhos dos peitos; revolta-se com maus tratos que os brazileirosdão aos seus emigrantes portugêses; declara a guerratréguas aos negreiros aos comerciantes de carne branca. Vive enamorado no Brasil, sua segunda pátria __ e o Brasil desperta no rapazinho analfabeto o poeta, o teatrólogo, o romancista, o contista, o etnógrafo, o socíologo, o memorialista e o polemista;
que tudo isso foi em Francisco Gomes de Amorim.
Costa Carvalho 2001
O meu amigo anda-se a dispersar muito, deve ser devido às amigas gaivotas.
ResponderEliminarDesde 2009 que não aparece por aqui. Ainda está pior do que eu!!!
Um abraço.
Maria Isabel Quental